outras mulheres (jeny gustavson saraiva) |
JENY GUSTAVSON SARAIVA
Ela foi uma das primeiras mulheres sanjoanenses que se formou em medicina e que se dedicou por longos anos à prática clínica e cirúrgica.
Dra. Jeny Gustavson nasceu no município de São João da Boa Vista, na residência de seus pais, localizada na esquina da Avenida Dona Gertrudes com a rua Floriano Peixoto. É filha caçula de Senhor Carl Fredrik Gustavson e de Dona Maximina da Conceição.
Casou-se no dia 27 do mês de janeiro de 1954 com o Senhor Renato Saraiva. Deste casamento nasceram em São João da Boa Vista três filhos: Renato; Roger e Reny.
No início de 1948, começou a trabalhar em São João da Boa Vista, com uma grande festa de recepção organizada por sua família, com a presença de inúmeros amigos, orgulhosos da conquista do diploma.
Seu consultório foi instalado junto à casa de sua família, na Avenida Dona Gertrudes, onde atendia praticamente só mulheres, dedicando-se à Ginecologia e Obstetrícia embora, sempre que necessário, atendia a outras enfermidades. Alguns anos depois, em 1953, o então Prefeito Municipal, Miguel Jorge Nicolau, convidou-a para fazer parte do SAMDU (Serviço de Assistência Médica e Domiciliar de Urgência), localizado na rua Saldanha Marinho, cargo que aceitou prontamente. Tal serviço era um órgão da então Secretaria Municipal de Higiene, que se propunha a prestar uma assistência médica à distância, com o médico indo à residência do doente, a fim de lhe prestar cuidados constituindo, na verdade, um embrião da atenção pré-hospitalar no Brasil. No entanto, por uma série de motivos, foi sendo desativado progressivamente e desapareceu. Dra. Jeny, realizava plantão de 24 horas atendendo a todo tipo de patologia tendo, às vezes, que se dirigir a fazendas distantes do município. Freqüentemente, era chamada para atender gestantes em diversos pontos da cidade, inclusive na zona rural, mas raramente precisava fazer os partos domiciliares, conduzindo-as para a Santa Casa, onde o parto era realizado com segurança. Com o fim do SAMDU, passou a prestar atendimento no então INPS (Instituto Nacional de Previdência Social), onde permaneceu até se aposentar na década de oitenta, depois de trinta anos de atividade profissional. Neste serviço, continuou exercendo a Clinica Geral, atendendo a homens e mulheres, adultos e crianças. Também interessou-se muito pela prática cirúrgica. Um dos maiores cirurgiões que São João da Boa Vista já teve em toda sua história, Dr. João Baptista de Figueiredo Costa, convidou-a a auxiliá-lo em intervenções cirúrgicas realizadas na Santa Casa de Misericórdia. Quando o Pronto Socorro Municipal localizando na rua Conselheiro Antonio Prado foi inaugurado, também passou a prestar atendimentos, mas permaneceu pouco tempo em tal serviço.
Desde que se instalou em São João da Boa Vista, passou a trabalhar ativamente na Santa Casa de Misericórdia “Dona Carolina Malheiros”, onde conviveu com diversos colegas. Embora nunca tenha exercido qualquer cargo administrativo no hospital, esteve sempre a ele ligada, prestando atendimento médico aos enfermos, muitos deles desvalidos, sem receber qualquer remuneração em muitas ocasiões.
Exerceu a profissão médica durante toda sua vida, nunca tendo se dedicado a outras atividades. Seu esposo faleceu em 27 de março de 1985, e foi sepultado no Cemitério Municipal de São João da Boa Vista, após comovida despedida dos amigos e familiares. Após o desaparecimento do companheiro de tantos anos, decidiu encerrar sua atividade de médica e passou a se dedicar exclusivamente ao cuidado da casa e dos familiares.
Rodrigo Rossi Falconi Médico e membro-fundador da Sociedade Brasileira de História da Medicina
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