guiomar novaes (biografia) |
Em 1915, quando tinha 17 anos. recebeu um convite ir tocar nos EUA e lá estreou no Salão Aeolian em Nova York. Em sua estréia, vieram pessoas famosas, ilustres grandes personalidades de Washington para assistir o recital. Entre eles, estava Santos Dumond, que aplaudia Guiomar Novaes emocionado. Em 1921, Guiomar segue para os Estados Unidos. No dia 8 de janeiro apresenta-se no Carnegie Hall e executa "O Concerto em Sol Maior" de Beethoven. O público, por quinze minutos, fica de pé aclamando-a e aplaudindo-a em uma das maiores manifestações já tidas na América. Após aquele concerto, continuou a tocar nos EUA por 57 anos seguidos. Seu último recital em solo americano foi em 1972. 1922. Guiomar Novaes toca na Semana de Arte Moderna Em 1922, faz um recital na Semana da Arte Moderna, tocando "A Dança dos Gnomos", de Lizt, para um público que se espremia num teatro repleto de amantes da boa música. Segunda-feira, 13 de fevereiro. O primeiro festival é inaugurado às 20h30. O tempo nublado e quente irrita as pessoas vestidas de colarinho alto, terno e colete de casimiras e lãs inglesas, modelos copiados de Poiret nos ateliês da cidade, traindo as influências chinesas da moda parisiense. Oswald de Andrade lê alguns poemas com o papel tremendo nas mãos, pois desde que levantou o teatro irrompe em vaias. A cada palavra que Oswald diz, a vaia volta. Ele acaba depressa e dá lugar a Sergio Milliet. Ele lê em francês alguns versos, acompanhado por guinchos, uivos e ganidos. Há calmaria quando Yvonne Daumerie dança e Guiomar Novaes toca piano. No intervalo, Mário de Andrade é apupado e xingado ao falar sobre estética no saguão. A segunda parte é dedicada à música. Três peças de Villa-Lobos são executadas em meio a vaias. O autor, de casaca e chinelo, desperta as iras do público. A violinista Paulina d'Ambrósio chora no palco. A execução de uma peça do compositor francês em que a "Marcha Fúnebre" de Chopin era satirizada, acabou por provocar desentendimentos entre os músicos integrantes da semana. Um nota escrita por Guiomar Novaes, publicada no "O Estado de S. Paulo", revela a discordância da pianista com relação ao tom de deboche assumido pelo festival, bem como sua total desvinculação com os propósitos do evento: "Em virtude do caráter bastante exclusivista e intolerante que assumiu a primeira festa de arte moderna, realizada na noite de 13 do corrente, no Teatro Municipal, em relação às demais escolas de música das quais sou intérprete e admiradora, não posso deixar de declarar aqui meu desacordo com esse modo de pensar. Senti-me sinceramente contristada com a pública exibição de peças satíricas à música de Chopin."
1922. Casa com Octávio Pinto Desde 1909 que Octávio Pinto, colega de escola era seu admirador. Octávio mantinha guardado todos os recortes de jornais que notificavam o brilhante sucesso de Guiomar na Europa. Em 1915, Guiomar Novaes parte para os Estados Unidos. Voltando à saudosa pátria em julho de 1920, mesmo sendo inverno, foi passar alguns dias no litoral .Octávio informado, foi ao seu encontro, e aqueles dois corações apaixonados se encontraram nas areias da praia do mar. Precisando refletir e se concentrar para preparar uma nova programação, convidou algumas de suas irmãs para irem a Campos do Jordão. Octávio sabendo da viagem, aproveitou a oportunidade para declarar o seu amor, mas, desta vez preferiu as letras ao invés de palavras. Enviou-lhe uma carta de amor. Casou-se em 8 de dezembro de 1922. Esposa dedicada e verdadeira amante apaixonada, nunca se sentiu oprimida ou em condição de subalterna frente ao marido, mas com grande consideração e sabedoria, aceitou que Octávio fosse também o seu grande incentivador, seu empresário e conselheiro. Engenheiro civil, arquiteto e também compositor, foi o escolhido por Guiomar Novaes para ser seu companheiro, até que a morte os separasse. Após 28 anos de vida em comum , Otávio faleceu na madrugada de 30 de outubro de 1950, de problemas cardíacos.
1923. Nasce sua filha Anna Maria Uma grande emoção para o casal foi o nascimento da tão esperada Anna Maria, em 22 de setembro de 1923, às 17h. Saudável e muito parecida com a mãe. Futuramente viria outra alegria do casal, o filho Luis Octávio.
1929 e 1932- Recitais no Theatro Municipal
1937. Recital em Manaus em 27 de fevereiro
1946. Guiomar retorna à São João da Boa Vista Em 1946, Guiomar Novaes deu novo recital em sua terra natal, dessa vez em benefício da Casa da Criança. O esperado sucesso coroou a apresentação de um seleto repertório no tradicional Teatro Municipal. No coquetel oferecido no dia seguinte no Centro Recreativo Sanjoanense em nome da Casa da Criança, constituíram homenagens que expressavam com clareza a sinceridade, a alegria e o orgulho da nossa gente pelos triunfos de uma concertista "da terra" nos mais renomados de concerto do mundo. A casa que Guiomar nasceu ficava nesta esquina. Foi construída outra em seu lugar. Guiomar Novaes costumava estudar pela manhã e no escuro, pois achava que favorecia a concentração. Quando se cansava caminhava pelo jardim que amava e se inspirava na natureza. Depois voltava ao trabalho. Dizia: "Tocar piano nunca foi um esforço para mim. Há pessoas que estudam seis, sete ou oito horas por dia. Acho-as admiráveis. Talvez tenham muito mais o que preparar, é natural. Eu nunca estudei tanto tempo; não tenho paciência. Gosto de tocar uma ou uma hora e meia e depois olhar para o céu. Mais tarde volto ao trabalho".
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(1894-1915) (1916-1945) (1946-1955) (1956-1979) (cronologia) (discografia) |
VOLTA SEGUE |
Guiomar Novaes toca Fantasia sobre o Hino Nacional Brasileiro, Opus 69, de Louis Moreau Gottschalk |
Uma visita à Guiomar Novais
“Há muitos anos, já em fim de carreira, GUIOMAR NOVAIS deu um recital de piano no Teatro Municipal de São Paulo. Logo que li o anúncio no jornal, resolvi comparecer ao evento, não só para ouvi-la - o que já seria bastante compensador - mas também para conhecê-la pessoalmente, pois desde criança estava familiarizado com sua fisionomia, bonita e simpática, em um porta-retrato que ficava em cima do nosso piano, na casa velha de São João, e cuja fotografia continha afetuosa dedicatória da artista, endereçada a meu pai. E lá fui eu, tranqüilo quanto à excelência da música que deveria me encantar - o que realmente aconteceu - mas um tanto inseguro quanto ao êxito do segundo motivo da minha ida - o encontro. Afinal, não seria pretensão minha - querer cumprimentá-la pessoalmente? Figura artística de renome internacional, ela teria uma legião de admiradores mais credenciados que desejariam fazer o mesmo. Assim, após o extraordinário sucesso da recita, com palmas e "bravos" intermináveis e inúmeras cestas e corbeilles de flores encaminhadas ao palco, quando o pano baixou, dirigi-me, entre apreensivo e esperançoso, ao camarim, onde a grande artista recebia os cumprimentos. Já havia uma fila, mas quando chegou a minha vez e declinei nome e identidade sanjoanense, a reação dela foi simplesmente surpreendente, abriu um largo sorriso e disse: "Filho do Dr. Theophilo, da minha São João, que prazer, que saudade... Vá me visitar, quero lhe mostrar minha casa..." Coisas assim. Ainda havia pessoas na fila, beijei-lhe as mãos e saí...encantado! Pouco depois, Guiomar aquiesceu em dar um recital em São João, cuja renda reverteria em benefício da Casa da Criança. Solicitado a colaborar nos preparativos para o evento (dia e hora, condução, hospedagem, etc.), lembrei-me do "convite" do Teatro Municipal, telefonei e às 16 horas em ponto lá estava, na rua Pará, bairro de Higienópolis, na casa de Guiomar Novais. Recebeu-me com muito carinho, mostrou-me a casa, os diversos pianos, um dos quais todo marchetado, muito bonito, as muitas obras de arte, os álbuns, as fotos, as lembranças das tournées pelo mundo afora, Estados Unidos, Canadá, Europa... Falou-me de seu amor e da sua saudade por São João da Boa Vista. Enfim, uma mulher que atingiu o ápice da fama e não perdeu a cordialidade. Assim, mais uma vez, despedi-me encantado. O recital de piano de Guiomar Novais, em benefício da Casa da Criança, realizou-se no Centro Recreativo, e foi um sucesso extraordinário. Casa cheia e gente de toda região. Os aplausos explodiram quando ela terminou, como quase sempre, com a peça que lhe deu notoriedade no Rio de Janeiro em 1908: a Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro, de Louis Moreau Gottschalk. Guiomar Novais. Acho que aquele porta-retrato da minha infância ainda continua em cima do piano na nossa casa velha, na esquina da Rua Theophilo de Andrade com Rua São João, onde nos primeiros albores do século XX meu pai comprou a casa do seu amigo e pai de Guiomar, que tinha uns cinco ou seis anos. A casa foi demolida e no local edificou-se a de nossa família, que ainda lá está...” Teofilo Ribeiro de Andrade Filho Membro da Academia de Letras de São João da Boa Vista
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